Uma das formas que ela encontra pra reencontrar o equilíbrio é escrevendo. Por isso e por não ter outra forma de materializar o que pode acabar com sua aflição, está aqui, por necessidade do coração e não por vontade racional.
Interessante é que ela tem uma grande facilidade em deletar o que se torna um problema em sua vida, seja ele coisa, pessoa, lugar, mas com ele está sendo diferente e isso a preocupa.
Sim, é isso mesmo. Ele se tornou um problema na vida dela. Desses que se leva até ao psicanalista, um problema que mexeu com sentimentos muito mais profundos que apenas o gostar de um homem e ser impossibilitada de manifestar esse amor.
Ele mexeu com uma característica que nem ela sabia que tinha (ou sabia): a dificuldade de lidar com a rejeição. Por toda sua vida sempre foi muito aceita e muito bem recebida no coração das pessoas. É difícil de admitir, depois de tanta vida, descobrir, através de um amor que nunca imaginou que pudesse acontecer, que o mundo não gira à sua volta e as pessoas que a interessam (ou a pessoa) não se encontra em sua órbita, mesmo que nesse lugar o que se recebe é tudo de mais doce que uma mulher pode oferecer.
Ela sente que está sendo injustiçada pelo fato de não poder o ver, o sentir, ter a oportunidade de...de ter oportunidade. Todo mundo tem direito à oportunidade...enfim...ele já determinou o que vai ser dele mesmo e oportunidades já não fazem parte do seu repertório. É reconfortante, igual purê de batata, sabe? rs....mas engorda....
É claro que isso vai passar, ela sabe. Mas, às vezes dói. Dói de noite, dói quando ele não tá no MSN, dói no final de semana, dói quando alguém muito legal quer namorar com ela e ela não consegue, dói quando se olha no espelho e vê tudo que poderia lhe oferecer e quando olha seus livros, e lembra de tudo que gostaria de saber, sua opinião, e dói quando chove e ela quer comentar um bom filme que assistiu, mas não com quem assistiu. Dói.
Incrível sentimento novo.
Ela nunca o colocaria na armadilha de Saint-Exupéry. Só deveria ter sabido desde o início que ele já estava inteiro. Não lhe faltava nenhuma parte. Não havia chances de ser cativado, embora seja cativante por excelência.
Ela queria se afastar, e lhe pedir o mesmo. Até achou que depois do desabafo, seria fácil pedir isso. Mas sente que não falou nem uma partícula do que gostaria de falar e ainda está cheia. Muito cheia.
Aquelas fotos que ele a enviou, não teve coragem de abrir uma segunda vez. Não está alimentando isso, parece que esse sentimento não precisa de receber, só precisa doar.
Enfim, seu pequeno príncipe, no dia que resolver ir embora, vai fazê-la lembrar do dourado da plantação de trigo, da forma como a alimentou e preencheu e ficará como a raposa, principalmente no que diz respeito à não saber da sua mudança para o outro mundo.
Sem coragem pra pedir que pare,
Beijos.
2 comentários:
Nooooooh inspiradíssima heim Polli!!! Adorei o texto. Quero falar disso depois, pessoalmente. rs Será que pode??? Saudades de você. Bjo
Impressionante sua capacidade de metaforizar a vida....gatinha, tiro o chapéu sempre sempre...Rick
Postar um comentário