Eu vou contar aqui uma história de um homem. Esse homem é um vencedor. Sabe quando falamos aquela frase “fulano venceu na vida”, pois é, é disso que se trata. Mas existe um porém: esse homem, esse mesmo, o vencedor, não tem, hoje, casa própria, seu carro e da esposa estão alienados, seus sapatos estão marcados pelos passos dados, suas camisas já perdendo a cor e sua filha caçula, ainda uma criança, não vai ganhar de natal um presente da ‘Estrela’ ou o último lançamento da Barbie.
Depois de vender picolé nas ruas de Santa Catarina, ainda criança, antes de completar os dez anos, comer farinha com café de manhã, entrar para o exército aos quatorze anos, virar “peão de trecho” para ganhar o mundo e passar por toda sorte de necessidades e desalentos, a vida, essa grandiosa inexplicável, o fez criar raízes numa cidade do interior de Minas Gerais.
Trabalhou. Trabalhou tanto que foi condecorado ‘Operário Padrão Minas Gerais’ no ano de 1992. Não satisfeito, subiu a rampa do Palácio do Planalto para receber das mãos do então presidente da república, Itamar Franco, o segundo lugar no prêmio ‘Operário Padrão Brasil’.
Ao se aposentar, esse homem passou a vender parafusos num cômodo aberto em sua casa. Era agora um comerciante. Sem dinheiro para propinas, agrados ou subornos, foi usando da perspicácia adquirida com o passar dos anos para, de sol a sol, se tornar um empresário bem sucedido.
No ano de 2007, sua empresa contava com quase duzentos funcionários. O galpão cuspia serviços, meninos que entraram na empresa como ajudantes, já se formavam técnicos ou cursavam faculdade. Prédios, apartamentos, lotes, inúmeros carros, posses, festas intermináveis...
Mas esse homem nunca cansou de trabalhar. Visitar a empresa era um ritual diário, sem domingos nem feriados. Certa feita, em meio a um serviço de grande dimensão, o qual despendia número grande de homens e homens que trabalhassem horas a fio, ele apareceu. No refeitório. Era hora do almoço.
Eu não sei o que se passou em sua cabeça entre aqueles poucos segundos que separaram o que ele viu que era servido a seus funcionários cansados das intermináveis horas trabalhando com uma marreta na mão, usinando uma peça ou na beirada do torno, de sua reação explosiva.
Os que testemunharam contam que palavrões, socos na parede e o suor escorrendo pelo rosto foram as reações que se podiam ver externar naquele homem. Seus funcionários foram servidos com arroz, feijão, uma mistura e um ovo frito. Sim...administradores são assim. “Corta tudo, corta onde puder, o dinheiro pode e deve entrar, mas não deve ser gasto com coisas que “não trazem lucro”” como uma boa e digna refeição a quem empregava energia para gerar dinheiro.
De olhos espantados, os funcionários a tudo assistiam. O chefe havia enlouquecido?
E ainda cuspindo palavrões entrou no carro e voltou em minutos. Quilos de carne bem preparada e litros de coca-cola bem gelada ele trazia. E distribuiu. Mas chorou também.
Eu me pergunto onde foi que doeu, qual lembrança o remeteu aquela cena no refeitório, onde foi que, em sua vida, a dor da fome e do descaso fora maior que qualquer outra dor?
Naquele dia ele ganhou mais um de seus troféus, só que esse não está exposto nos corredores da empresa ou em sua sala...está bem guardado no coração de cada um daqueles que ali estavam.
Hoje, também pelo mistério da vida, ele luta para recuperar o que perdeu nos anos que se seguiram. Quando seu sapato fura a sola, ele manda remendar. A isso eu assisti, os anjos também, talvez com mais orgulho que eu
4 comentários:
Oi, vim lhe desejar um Feliz Natal e Feliz 2011!
E que nossa amizade e contato floresçam cada vez mais neste próximo ano!
Um beijo de luz-poesia!
( to esperando vc me mandar o email pra pegar o teu selo! williamgaribaldi@gmail.com )
Willian,
As msg que mando para este e-mail que vc me passou estão voltando. Vc tem outro e-mail?
Um grande beijo!
Mas uma coisa posso lhe dizer...
O que mais importa na vida ele não perdeu que é a dignidade e honestidade...
Este é meu cumpadre.
É verdade!!!!
Assino em baixo!
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