Pensações

Pensações

sábado, 31 de janeiro de 2009

Desabafo

Desabafo

Meu amigo/irmão Keninho me deu de presente de aniversário um livro lindo....Fernando Pessoa....Livros para mim não são presentes, são um raio de luz que uma pessoa da para a outra, uma forma de dizer: te desejo o melhor, te desejo o sol, te desejo a vida colorida.
Mas, mesmo amando o presente, até mesmo porque veio de uma pessoa muito especial, quando o folheei e li alguns trechos, me veio uma pontada de tristeza. É assim sempre. Quando leio Vinicius de Moraes, com sua poesia impecável, quando leio Neruda, falando de amor como se contasse um causo....Ao olhar um quadro da Frida, ou ouvir uma sinfonia de Bethoven. Quando leio um livro da Lya Luft ou um texto da Martha Medeiros. Rubem Alves, nem falo..um dos que mais me comove. Ao escutar uma música de Roberto Carlo “pensamentos que me afligem...sentimentos que me dizem, dos motivos e razões de poder estar aqui. As perguntas que me faço, são mandadas ao espaço...e de lá eu tenho todas as respostas que eu pedi”...lindo!!!!
Sempre, sempre me da uma vontade imensa de apagar meu blog, tamanha a vergonha que sinto em me sentir no direito de fazer o que eles fazem: arte. Em me sentir tão pequena, pequenininha....como um grão de mostarda.
Por quê atrevo-me? Nada do que eu faça será comparado a esses destaques da humanidade. Sinto-me audaciosa e prepotente em ter a coragem de fazer esses poeminhas e textos e ainda expô-los. Minha poesia é simples, meu texto é simples, minha arte é simples. Por quê? Porque eu também sou simples. Gosto da escrita leve, de fácil entendimento, para que todos e qualquer um possam entender o sentimento que tento passar.
Parece inveja, não é? Inveja porque gostaria de escrever daquele jeito, fazer uma arte maior, mas não é disso que trata-se. Eu amo esses artistas, se eles não existissem, o que seria de nós, pobres mortais?
Mas, ainda me envergonho, como uma criança que se borrou na frente dos outros e abaixa a cabeça com o temor da reprovação. Penso no que os outros vão pensar, e na pena que sentirão de mim pelas minhas palavras sem métrica, pelos meus versos nem sempre adequados.
Mas, assim...logo, logo, a vontade de deletar o blog passa e recomeço tudo outra vez. Pois bem sei que a arte, seja ela de que tamanho, é o maior bem da humanidade e é através dela que ainda damos conta de viver neste mundo careta, sofrido, injusto e desorganizado.
Então eu peço a bênção de Fernando Pessoa, a iluminação de Clarice e a sensibilidade de todos eles. Porque poetisa vagabunda eu sou, mas não posso deixar de parir essas escritas, pois senão, ficarei eternamente grávida e esse filho não nascido provocará dor, angústia e contrações eternas.

Salve Chico Buarque!
Salve Cartola!
Salve Caetano Veloso!
Salve Pixinguinha!
Salve Jim Morrison!
Salve Ravel!
Salve Da Vinci!
Salve Tom Jobim!
Salve Cora Coralina!
Salve Jorge Amado!
Salve Seu Jorge!
Salve Camões!
Salve Machado de Assis!
Salve José Saramago!
Salve Cazuza!
Salve Lenine!
Salve Fernanda Montenegro!
Salve Salvador Dali!
Salve Marisa Monte!
Salve os deuses manifestados aqui na Terra, em forma de arte, amor e sábios ensinamentos!

Salvem a mim!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Solidão

Solidão é saudade sabe-se lá do quê
É barriga cheia e sensação de falta de ter o que comer
É criança olhando o brinquedo quebrado com vontade de brincar
É ter quatro casas e não ter onde morar
É medo de não ter forças para terminar

Solidão é mascar chiclete depois do gosto terminar
É céu de uma única estrela polar
É gotas de chuva na janela fechada e o jardim a te esperar
É usar conta-gotas e errar a medida
É barraco vazio e gente sem ter onde morar


Solidão é não ter o abraço.
Saudade é o abraço que está longe.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Saudade

Fiz esse poeminha vagabundo (como diria meu eterno Vinicius de Moraes) em um dia que eu realmente entendi o que é saudade....
Ele é para minha pequena que está longe....longe....
Minha Pa, minha caçula, meu colo, meu bom humor, minha companheira de gandaia, choros, brigas, doenças, saúde, ressaca.
Precisa falar que eu a amo?



Uma colher de PAu
Pra levar até meu prato
Sua imensa ternura disfarçada

Ainda que LOnge
Ai..ai...ai...
Vem me buscar?

Eu prometo que vamos pro MAr
A gente pode até brincar!
Eu te molho, você me pega

De toda água SAlgada
Retiro a dedo todo sal
Pra ficar doce, igual seu olhar

Prometo praticar meu excesso Último
Pra você não ter que me cuidar
E a gente poder aproveitar

Pra te provar meu amor, minha sinceriDADE
Pego a lua pra te abraçar
E te beijo até colar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Hoje

Hoje... hoje, sim, sou possuidora de todos os direitos do mundo. Nenhum juiz, nenhum magistrado, nem sequer o senhor presidente ou a ONU poderão me conter de qualquer ato, seja ele profano, sagrado, ilegal, imoral, desavergonhado.

Hoje...hoje, sim, poderei beber duas (duas? três...) garrafas de vinho chileno de uvas tintas, suculentas e ficar a rir sem parar, sem vergonha, com os dentes roxos de seus taninos tamanhos. E poderei aceitar que eu sou a bêbada mais bêbada desse mundo e foda-se o que vão pensar.

Hoje...hoje, sim, poderei fumar quantos cigarros estiverem contidos no meu desejo e se ele for que seja um após o outro, assim o será. E fumarei, também, charutos cubanos, enrolados pelas velhas, assassinas e bentas mãos de Fidel. Fumarei sem engasgar e terei a certeza de que foram feitos especialmente para mim, talvez....quem sabe, depois de um mojito ao lado de Che, antes mesmo de eu nascer.

Hoje...hoje, sim, poderei me entregar a quantos homens me forem necessários...ou quantos a noite puder abraçar. Um de cada vez, ou todos numa mesma hora. Sem pudor, sem esse horror dos sem tesão, que olham pelo buraco da fechadura os amantes a suar e fazem cara feia ao invés de se melar.

Hoje...hoje, sim, vou gozar de mim. Vou me abraçar e me beijar. Vou colocar-me a postos de minha própria companhia pela madrugada, pois sou a melhor delas. Sem juízo, repreensões...e recitar poemas para essa abusada lua cheia que veio participar da minha festa e me trouxe de presente (arrogante!) o luar das noites claras, das noites raras.

Hoje...hoje, sim, viver é viver, não é só sonhar.