Pensações

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quarta-feira, 28 de junho de 2017

É “legal?”


Muito me causam reflexão os símbolos utilizados nas redes sociais. Percebo que cada vez mais, os criadores e fundadores dos programas e aplicativos se esforçam para aumentar o número de imagens padronizadas que nos causam o “favorecimento” de emudecer.

Nas trocas de mensagens substituímos frases, conjugações e palavras por uma “carinha”, uma “boquinha” ou um simples “legal”. E nesse ínterim, colocamos nossas palavras na posição passível da interpretação do outro.

Há poucos anos atrás, emudecíamos, nesse campo, nas despedidas de e-mails que, de tão atenciosas que se tratavam, não tinham tempo para escrever por inteiro “atenciosamente”, reduzindo-as a um “atc” seco, vazio e mentiroso.

Assim também com os “abcs” e os “bjs”.

Ah...os bjs..Amigo querido de Belo Horizonte criou uma teoria sobre as despedidas com os “bjs”, ou seria “bj” ou “bjo” ou “bjos”, ou, até mesmo, “beijos”? Pare e pense. Cada um na sua forma confortável de não dizer (escrever) o que realmente se quer transmitir. O que dá, inegavelmente, ao outro, o direito de interpretação plena e, ao meu amigo, o de criar uma teoria.
Bem nos dias atuais, nos fartamos com emoções simbólicas digitáveis, mas existem as de preferência, prova encontra-se em seus emotcons preferidos o famigerado “legal”. É, ele mesmo, aquele legal de dedão em riste.

Indecifrável “legal”.


Esse que samba na cara do receptor a mais pura intenção de descaso. O cúmulo da mudez. O lugar de resposta menos empático e mais preguiçoso. Aquele que diz claramente o que os medíocres mais usam: a faceta de não se comprometer.

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