Muito me causam reflexão os símbolos utilizados nas redes
sociais. Percebo que cada vez mais, os criadores e fundadores dos programas e
aplicativos se esforçam para aumentar o número de imagens padronizadas que nos
causam o “favorecimento” de emudecer.
Nas trocas de mensagens substituímos frases, conjugações e
palavras por uma “carinha”, uma “boquinha” ou um simples “legal”. E nesse ínterim,
colocamos nossas palavras na posição passível da interpretação do outro.
Há poucos anos atrás, emudecíamos, nesse campo, nas
despedidas de e-mails que, de tão atenciosas que se tratavam, não tinham tempo
para escrever por inteiro “atenciosamente”, reduzindo-as a um “atc” seco, vazio
e mentiroso.
Assim também com os “abcs” e os “bjs”.
Ah...os bjs..Amigo querido de Belo Horizonte criou uma
teoria sobre as despedidas com os “bjs”, ou seria “bj” ou “bjo” ou “bjos”, ou,
até mesmo, “beijos”? Pare e pense. Cada um na sua forma confortável de não
dizer (escrever) o que realmente se quer transmitir. O que dá, inegavelmente,
ao outro, o direito de interpretação plena e, ao meu amigo, o de criar uma
teoria.
Bem nos dias atuais, nos fartamos com emoções simbólicas
digitáveis, mas existem as de preferência, prova encontra-se em seus emotcons
preferidos o famigerado “legal”. É, ele mesmo, aquele legal de dedão em riste.
Indecifrável “legal”.
Esse que samba na cara do receptor a mais pura intenção de
descaso. O cúmulo da mudez. O lugar de resposta menos empático e mais
preguiçoso. Aquele que diz claramente o que os medíocres mais usam: a faceta de
não se comprometer.
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