Sentir com toda força, mergulhar nas coisas e nas pessoas
com a alma receptiva, a todo momento, requer uma intensidade de energia maior.
Essa energia desprendida – para enxergar além do mar; para
captar o coração alheio com um leve toque; para sentir que manga tem gosto de
manga , mas, um quêzinho de dezembro, lá, na última nota; saber o cheiro do
Natal e entender as entrelinhas na prosa com um ancião; saber que café tem
cheiro de todas as oportunidades do mundo – que nos entrelaça em detalhes mínimos,
nos exaure também. Suga-nos, nos engole, nos cansa e tiras as forças.
Bom seria um dia sequer possamos olhar um lago e ver ali
apenas um lago.
Sensibilidade se adquire, mas quase inevitavelmente se nasce
com ela. Não há escolha.
Sensibilidade é sentimento em demasia.