Fiquei mesmo. Desculpe-me o ocorrido. Assumo minha culpa inteira, não porque só a mim ela pertence, mas para não ter que tanto me justificar.
Foram dias disléxicos.
Uma demorada transição, o fechamento de um ciclo, uma mudança de gostos - os mais íntimos, os mais entranhados - uma suposta desordem, cem anos, sete dias.
Eu me molhei desapercebida na chuva, eu estava com fome, eu tive prazos para entregar, eu acordei atrasada, eu não pude perder aquele show...aquele encontro...eu viajei, sim...eu viajei, eu tive insônia...eu não dormi! Eu fui madrinha de casamento, eu fui injustiçada, eu fui mal interpretada, era aniversário da minha mãe, estava muito quente, eu estava muito cheia, eu não queria trabalhar, eu fui perseguida, era o início da dieta, era a visita de minha irmã, era o documentário na tv, fui ao médico, eu fiz um curso, eu fui roubada, estava apaixonada, fiquei doente, troquei os remédios, mudei de casa, eu perdi a coragem, eu não quis me levantar, eu estava com frio, eu estava chorando, eu estava na rua, na night, na noite, no rock, na gandaia, eu estava deliciosamente desocupada, estava bêbada, eu estava eufórica, eu estava sonhando, eu estava afastada, eu estava machucada, eu estava por cima, eu estava sem inspiração.
Não só uma vez, ou duas, ou meia dúzia ou centenas delas, eu lhe olhei. Olhar demorado, olhar de dúvida, olhar de apego e rejeição.
O que posso lhe dizer, se puder diminuir a sensação de quase nunca mais, é que mais longe estava ainda de mim mesma.
Perdoe-me, perdoe-me por esse hiato. Afinal, perder-se é humano, reencontrar-se é divino.
Eis-me aqui novamente.
2 comentários:
Perfeita! Como sempre!
se procurar teve mais.fantastica fantastico quero brincar de novo tb
Pedropedrocadapolly
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