Peço, ao tão esperado Ano Novo, apenas um piano. Mas não um piano qualquer. Menina de ver o bonito que sou, quero aquele de calda. Grande. Através do qual possa ver minha imagem refletida em sua madeira envernizada. Aquele piano dos grandes concertos nos quais as damas vestem-se de veludo e sapatos de verniz e carregam um leque a tira - colo para mostrarem ou esconder as emoções. Desses onde os cavalheiros vestem seu melhor fraque e sempre são gentis.
Novo Ano, permita que essas pessoas compreendam minha mistura de notas e que a cada uma que eu tocar, sincero e puro seja seu som.
Quando silêncio fizer, que seja a sublime hora dos aplausos, afim que eu me distraia da angústia de não conseguir tocar a canção que suplica minha alma transbordar naquele instante.
Por bondade ou merecimento, quando distraída tocar em um tom maior, que entendam que não é por desaforo ou desejo de errar, mas por ainda não ser capaz. Ainda.
Portanto, se não for pedir demais, quero um maestro que me visite vez ou outra e sussurre, baixinho, com as mãos sobre as minhas, a forma certa de se fazer.
Tempo, quando pedirem-me uma valsa que ainda não sei tocar, que faça-se entender que não é que não irei tocá-la, mas é que apenas ainda não a domino. Apenas.
Não peço aplausos nem vaias, só, e só mesmo, que as pessoas da fila da frente entendam que eu já pedi a alguém para me ensinar e que só ele sabe dos calos em meus dedos e das lindas músicas que compus. Ele, o maestro beija-flor.
9 comentários:
Lindo,Pollyane. Eu quero estar na platéia, de fraque, elegante e garboso, para ser o primeiro a aplaudir quando você entrar e sair de cena. Quanto ao seu texto ainda estou aplaudindo minutos depois de lê-lo. Lindo mesmo. Como as coisas que você faz. Bjs.
A bela e linda magia de um belo "block". Ponto pra vc!
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure"
Ta inspirada heim nêga. Adoro seus textos, mas te odeio por não ter ido lá em casa. Relações cortadas. :(
Posso ser o Maestro?
Luciano Medeiros
Ah....desculpem-me todos...mas o Soneto...o meu Vinicius....me deu até alegria de viver....
rs... usei de informação privilegiada. Foi injusto! rs
Te adoro demais!
lindo, Polly! Parabéns, você escreve muitíssimo bem!!! beijos, Quero
lindo lindo d++!! bem poetico..
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