Surpreendente é saber que há trinta anos eu a conheço. Nunca nos separamos. Algumas vezes apenas me distanciei, não lhe tratei com o amor que ela merecia, me descuidei de seus sentimentos em função de outras pessoas, mas...só, só isso. Bom, algumas vezes a deixei jogada na cama sentindo pena de si mesma depois de uma decepção. Mas ela sempre estava ali, mesmo quando eu não a queria por perto.
E aos poucos, lua pós lua, vou a dissecando. Com ela há trinta anos, sinto que abri um pedacinho só e ainda estou com ele na lupa sem entendê-lo por completo.
Não posso mentir. A cada dia a sinto mais próxima, maior. Sei que ela sabe o que quer, mas eu não. Numa dessas noites de chuva perguntei: o que você quer da vida? Ela fez cara de mistério e revelou algumas pequenas coisas pedindo sigilo absoluto. "Não conte a ninguém. Isso é entre eu e você".
Entre eu e ela não existe abismo, mas a ponte se faz necessária. Certo que é uma ponte móvel, assim como aquela escada que fica na área de serviço para usarmos quando temos que pegar a mala lá no alto ou trocar a lâmpada queimada. Ponte pra momentos de descuido, momentos que eu a deixo de lado. Construir essa ponte demorou muitos anos, diria décadas. Boba que fui, pensei que como não existia abismo, não precisava de ponte. Mas precisa!
E nos momentos que o mundo, as circunstâncias, as pessoas ou a vida me afastam dela através do grande pedaço desconhecido, e a fazem sofrer, coloco delicadamente minha ponte e chego perto para dizer que comigo ela pode contar...sempre.
2 comentários:
comigo ela pode contar...sempre.
bju bju
Disso eu tenho certeza, irmã!!!!
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