Uma das minhas escritoras contemporâneas favoritas, a Tati Bernardi, twittou certo dia: “Quando estou triste, penso que estou tirando férias de tentar ser feliz”. Eu realmente nunca li nas minhas andanças pelo mundo do imaginário uma forma tão bacana de encarar a tristeza.
A família pede, os vizinhos vigiam, os amigos confabulam, a rede social obriga e a mídia exige. Temos que ser felizes! Felizes...felizes sempre, como borboletas coloridas voando de flor em flor, pousando para descansar a beleza e até brilhando quando se depara com um raio de sol. Lindos, leves e soltos.....
Olha, vou lhe contar, ficar malhando a felicidade em tempo integral cansa. Todo dia o tal do “vai dar tudo certo” (mesmo que você esteja trabalhando demais, sem receber hora extra), “bom dia, dia!” (levantando da cama as sete da matina e não tendo ninguém pra responder o seu bom dia), “venci: mais um dia cumprido” (e você chega em casa e seu grande troféu é lavar a louça do café, comer um pão integral light e passar o uniforme), “isso vai passar” (mesmo que seu marido lhe trate assim há anos), “eu vou chegar lá” (LÁ, lá onde??????, nem eu sei....&%$#+}).
Mas quando estamos tentando ser felizes, buscamos nos detalhes a felicidade, como já dizia o poeta (ou todos os poetas, sei lá e também não quero saber). Aí você fica super feliz que a “Firma” mudou o fornecedor do pãozinho do lanche – vira até festa, um empolgado faz vaquinha pra comprar a “coca-cola, é isso aí!” (é isso aí o que? Alguém pode me falar, porque até hoje não descobri...povo doido) – e todo mundo come pão com manteiga e coca-cola, uma combinação perfeita para a felicidade, e você pensa como a vida é boa, porque o busão tava meio lotado (enquanto os vereadores do Rio andam nos carros de setenta mil comprados com nossos impostos – JN, ontem), e olha que beleza, hoje vai ter jogo, seu timão pode ser campeão! Sendo, você sai pra comemorar e perde a medida e vai trabalhar de ressaca amanhã, enquanto os jogadores ganham uma baba, o bicho, e também saem pra comemorar na melhor boate da capital e de folga amanhã – podendo curtir a ressaca com direito a bajulação midiática (e Maria-chuteirática também). Perdendo....ahhhh....você já sabe, vou deixar pra depois do jogo. E por aí segue o bonde do tigrão...com direito a Bin Laden com três mulheres (aquilo não dava conta nem de bater uma – pronto, falei!)
Aqui, dá licença, mas eu estou de férias! Eu sou muito bonitinha, inteligentinha, bacaninha, não engravidei aos quinze, não fumo crack, não peço dinheiro ao meu pai e até escrevo bem, mas vai se catar felicidade! Você cansa, sabia?!
E vamu beber, porque viver ta difícil!!!.................
P.S. Caros amigos, conto com a compreensão de todos. Amanhã posto um poema lindo sobre a esperança, e ninguém entende nada...é assim mesmo...são só umas férias com direito a verdades.
Esse blog é uma tentativa de não usar Prozac. Escrever é uma doença incurável. Mas, com certeza, uma das mais belas doenças.
Pensações
quinta-feira, 12 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Remendos
Acho que ela precisaria de um pouquinho mais de inteligência para viver bem nesse mundão de meu deus. Quando senta na rede do quintal e observa esse céu imenso, hora pintado de estrelas, hora nublado, pensa quietinha, como em segredo até para ela mesma: “fiz tudo errado”.
A verdade é que passou os últimos anos remendando sua colcha de erros. E ela não acaba. Às vezes, com muita paciência, tal qual uma mãe zelosa que ensina as primeiras letrinhas ao filho, outras, como um carro de corrida na qual cada pit stop pode decidir, por questão de milésimos de segundos, o resultado da corrida inteira.
E como faz mal viver como em uma corrida! O remendo sai torto, fácil de arrebentar novamente. Mas dependendo do momento que se vive, não da tempo de ter paciência e acabamos tendo que sair passando por cima de tudo e atropelando desejos, afetos, certezas e tantas coisas que nos são tão caras...
Ela tem certeza que daqui há dez anos, olharia para si hoje e pensaria com um discreto meio sorriso: “bobinha. Vai dar tempo de fazer tudo, só que você ainda não sabe. Assim, vai deixar o remendo frouxo e, possivelmente, terá que fazer de novo, com essa sensação aí, inconfessável, de que fez errado, só que... novamente.”
Todos já remendaram alguma coisa em suas colchas. Existem colchas nas quais os remendos nem aparecem. Ela tem inveja dessas. Em outras, os remendos dão até um charme especial, os diferenciam das demais. Mas sua colcha tem remendo demais e ainda restam tantos a fazer que ela até pensa se não seria melhor comprar uma nova. E em sua cabeça martela: “compre uma em Barcelona, comece de novo, jogue essa fora!”
Suas mãos já estão calejadas de linha e agulha. Consertar alguns buracos é muito dolorido, exige concentração extra, olhos espremidos, mãos feridas e até uma dose de humilhação.
Eu diria para ela que sua colcha, mesmo com os muitos remendos, é alegre, colorida, cheia de cores festivas, desenhos de amigos queridos, de amores quase perfeitos, de viagens inesquecíveis, de prazer e superação. Mas quem disse que ela acredita?
E assim ela segue, embora já tenha descoberto o dedal, remendando erro por erro e... cometendo outros.
A verdade é que passou os últimos anos remendando sua colcha de erros. E ela não acaba. Às vezes, com muita paciência, tal qual uma mãe zelosa que ensina as primeiras letrinhas ao filho, outras, como um carro de corrida na qual cada pit stop pode decidir, por questão de milésimos de segundos, o resultado da corrida inteira.
E como faz mal viver como em uma corrida! O remendo sai torto, fácil de arrebentar novamente. Mas dependendo do momento que se vive, não da tempo de ter paciência e acabamos tendo que sair passando por cima de tudo e atropelando desejos, afetos, certezas e tantas coisas que nos são tão caras...
Ela tem certeza que daqui há dez anos, olharia para si hoje e pensaria com um discreto meio sorriso: “bobinha. Vai dar tempo de fazer tudo, só que você ainda não sabe. Assim, vai deixar o remendo frouxo e, possivelmente, terá que fazer de novo, com essa sensação aí, inconfessável, de que fez errado, só que... novamente.”
Todos já remendaram alguma coisa em suas colchas. Existem colchas nas quais os remendos nem aparecem. Ela tem inveja dessas. Em outras, os remendos dão até um charme especial, os diferenciam das demais. Mas sua colcha tem remendo demais e ainda restam tantos a fazer que ela até pensa se não seria melhor comprar uma nova. E em sua cabeça martela: “compre uma em Barcelona, comece de novo, jogue essa fora!”
Suas mãos já estão calejadas de linha e agulha. Consertar alguns buracos é muito dolorido, exige concentração extra, olhos espremidos, mãos feridas e até uma dose de humilhação.
Eu diria para ela que sua colcha, mesmo com os muitos remendos, é alegre, colorida, cheia de cores festivas, desenhos de amigos queridos, de amores quase perfeitos, de viagens inesquecíveis, de prazer e superação. Mas quem disse que ela acredita?
E assim ela segue, embora já tenha descoberto o dedal, remendando erro por erro e... cometendo outros.
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