Sempre tive muito orgulho de ser uma mulher original. Explico. Sem lipoaspiração, silicone, escovas inteligentes, progressivas, definitivas e suas milhares de variações, cabelos da cor exata de quando nasci.
Não serei injusta. É claro que em um cem números de TPM eu estive certa em fazer uma lipo, emagrecer seis quilos e, quem sabe, um peeling? Mas tudo bem, logo passava e eu voltava para minha racional vontade de perder aqueles velhos três quilos. No mais, de três em três meses uma aparada nas pontas do cabelo e estava tudo certo.
Na semana que completaria trinta anos, percebi que precisava cortar uns dedinhos no cabelo (o qual eu não entrego na mão de qualquer um em hipótese alguma). Liguei para meu fiel cabeleireiro cuja agenda sempre anda lotada, mas eu tinha esperança. Vá lá, amigos há anos, ele não me negaria uma horinha (nem que fosse extra).
Reuniria a galera no final de semana e isso era terça-feira.
Pela primeira vez, sua secretária não me deixara falar com ele de jeito nenhum.
- Senhorita, ele não tem vaga. Nem um horariozinho. Não tem como te encaixar.
- Mas, moça, se eu falar com ele, ele vai me atender.
Assim, foram algumas tentativas. Quase estive lá, mas pensei que não seria legal. Ele realmente deveria estar muito ocupado.
Acessei todas as colegas e descolei alguns telefones. Uma cabeleireira tinha horário para quinta-feira. Com boas referências, marquei para as 18h.
Lá chegando, muito bem recebida, vi aquela vitrine com dezenas de produtos de beleza – todos para os cabelos. Pegava um aqui, lia a embalagem. Pegava outro, e a aí fui me interessando (ou sendo coagida). Poderia usar um daqueles milagres, com certeza meu cabelo sairia de lá um espetáculo!
- Então, querida. O que vamos fazer?
- Vim aparar as pontas, mas preste atenção, só dois dedinhos, ok? Na franja pode tirar mais.
Mas minha cabeça não parava de pensar nos cosméticos. Então, disparei a perguntação. Isso serve para quê? E esse? Se eu passar, o que acontece?
Lucimar teve toda paciência do mundo comigo. Respondeu tudo a pronto e a hora.
De repente, não mais que de repente, soltei decidida: - quero ficar loira! Vamos pintar?
Vi que ela se constrangeu.
- Sabe o quê que é, Lucimar? Vou fazer trinta esse final de semana. Queria dar uma mudada, fazer alguma coisa, ao menos umas mechas, todo mundo faz, né?
Ela pegou a tinta, olhou aqui, pegou meu cabelo, juntou com outra tonalidade, deu uma boa enrolada e não se conteve.
- Pollyane, seu cabelo é virgem. Meu coração até dói em pensar colocar uma química nele. Deixa para pintar quando os brancos começarem a aparecer, será melhor.
Vim embora para casa pensativa. E se agora eu estivesse loira? Acho que nem iria trabalhar amanhã...
Santa Lucimar!
Quanto à vaga com meu cabeleireiro, foi providencial. Ele é hairstylist...com certeza, a essa hora seria uma loira que os escrevia.
Santa Lucimar!
4 comentários:
Linda de qualquer jeito, muita saudade tá... Bjo... Fernando Mageski...
Fê, vc não vale....
Saudade too....
Polly, ser loira é tudo de bom!!!hahaha. mas vc é linda de qualquer jeito, amore!bjos
GOSTO DESSE JEITO. VC FICOU LOIRA?
RAFA
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