Pensações

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terça-feira, 11 de maio de 2010

Dias de algodão



Há dias, e que dias! Desses que a vontade é que a alma se misture com a cama. Uma cama coberta de algodão. Macia, alva, para que não se diferencie alma da cama alva. E nessa ausência de cores, que ninguém nos enxergue: nem cama, nem alma. E que o sol dê sua volta, e que as estrelas marquem sua presença, e que no pensamento se coloque cada coisa em seu lugar. E os sentimentos-pensamentos rumem para seus endereços. Rua, número e não bastando, retornem à cama alva de algodão.
E assim, quem sabe, quando a lua der a sua graça – redonda, grávida, nos retiremos da alva cama e nos misturemos às cores, às flores, às diferenças que espetam servindo de chão para tudo que se dá, que se renova, que causa medo, que leva à cama, dessa vez, quem sabe, apenas de algodão à procura de cores que possam disfarçar.

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