Pensações

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segunda-feira, 12 de maio de 2008

"Amar é muito pouco para o mundo que se tem lá fora"

Foi numa noite de bebedeira que sobramos eu e minha amiga, de madrugada, em casa, e ainda com uma caipirinha na mão (o que nos rendeu um grande problema no dia seguinte...). De todos os casos que contamos, de todos os autores que citamos, de todas as perguntas que fizemos uma à outra, o que mais me intrigou foi uma frase da Martha Medeiros (escritora que eu ainda não conhecia até aquele dia): "Amar é muito pouco para o mundo que se tem lá fora". Assim, no meio de uma história, apenas como um pequeno comentário, minha amiga soltou essa frase que, simplesmente, me embasbacou.
Eu sempre pensei como eu iria dar conta de ser uma ótima profissional, ganhar bem, malhar, depilar e fazer unha, estudar, ter um marido e ser uma boa esposa, principalmente na cama, e ainda ter filhos (tirando que quero viajar e conhecer o mundo). Essa questão é um bichinho que fica me pinicando quase que diariamente. Todas as vezes que chego em casa exausta do trabalho e ainda tenho que ir à academia para manter a saúde e a forma já vem o bichinho me alfinetar. Então, penso: e se eu tivesse um marido agora? e se eu tivesse filhos para dar carinho, atenção e ainda ajudar no dever de casa neste momento? como iria fazer?
Numa meia volta pego minha toalha e vou malhar,que, por enquanto, é minha única preocupação depois do trabalho. Mas mesmo espantando o bichinho, ele dorme e acorda comigo quase que todas as noites.
O que a Martha Medeiros quis dizer com sua frase é que ter um relacionamento fixo, se dedicar a ele, cuidar dele é fechar as portas para milhares de outras coisas e pessoas que nos esperam no mundo, por que você não acha que seu namorado vai achar ótimo você experimentar visitar o CINE SEX - CABINES INDIVIDUAIS*, acha? Você não acha que seu marido vai achar bom você fazer uma viagem de mochileira pela europa sem, às vezes, ter como ligar ou mandar notícias, acha? Você não acha que seu companheiro vai encarar positivamente o fato de você querer experimentar uma droga diferente ou uma raça diferente, acha?
Então, não há o que fazer. Eu sempre pensei assim. Namorar e casar é fechar a porta da frente para tantas sensações, tantas descobertas, tanto mundo, tanta gente..."É você saber como vai ser seu final de semana" (outra frase filosófica da minha amiga na quarta caipirinha), tudo programado, tudo certo, nenhuma emoção, nada que fuja à regra. Ou você acha que seu namorado vai achar uma delícia você dizer a ele que quer ir numa boate gay sozinha no sábado, só para ver como é, para conhecer as pessoas que lá frequentam e como elas exergam a vida e buscam a felicidade (porque se ele for junto, provavelmente ele se importará se você bater um papo de meia hora com um homossexual qualquer, porque aí vêm as frases: "você me deixou sozinho, você não me respeita, o quê que você tanto conversava com aquele gay...eu acho que ele deu em cima de você...e por aí vai...).
Alguém pode se perguntar: por que que essa menina tanto quer conhecer e experimentar as coisas? por que que ela não sossega o facho e vai ver o último lançamento da indústria cinematográfica? por que que ela não digita no google as dúvidas que ela tem?
É, eu também me pergunto. Mas eu não quero ver a Ilha de Páscoa pelas fotos, eu quero sentir o cheiro daquele lugar, quero me arrepiar com a energia de lá. Eu não quero ler a entrevista de um negro que sofreu preconceito ou um frequentador do CINE SEX - CABINES INDIVIDUAIS*, ou um soro-positivo, eu tenho as minhas perguntas para fazer, eu quero olhar no olho, ver do meu jeito, além do que alguém pode me contar.
Como vou fazer tudo que quero fazer tendo que dar satisfações, tendo que cuidar do milindre alheio, tendo que ensinar dever de escola, tendo que ter uma noite arrasadora de sexo (se não, meu marido vai olhar o decote da secretária - isso ele já vai fazer mesmo, mas pelo menos pode ser que não dê em cima dela)?
Realmente, "amar é pouco demais para o mundo que se tem lá fora".
Mas...e a experiência de ter um filho? e as noites frias?

*Ver: 'Cine sex e o tempo que eu não tenho'

3 comentários:

Anônimo disse...

Amiga, o mais legal de tudo é que sempre nos ensinamos algo, mesmo depois do gole, que eu sempre acabo chorando, pelo bom e pelo ruim...rs...o mais legal é ver que somos de uma "safra" que precisa sentir o mundo dentro da gente e que está disposta a pagar um preço alto por isso. Mas o mais legal mesmo, é saber que eu tenho vc prá visitar a sala comigo....

Te amo.

Eve.

Anônimo disse...

Já estou tão confunsa com os meus sentimentos, quando leio algo dessa cabecinha maluca, fico mais. SOCORRO!!!!!!!!!!!!

Cláudia

Unknown disse...

Êh Pollyane, desse jeito vai dar um nó na cabeça de sua tia caçula...rsrsrs