Pensações

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terça-feira, 20 de novembro de 2007

O que nos escraviza

O que significa o dia da consciência negra para você?
Há algum tempo que estamos pensando sobre isso. Quando aboliram a escravidão, imaginem, já fazia tempo que as pessoas pensavam sobre isso.
Então proponho, no dia da consciência negra, um pensamento diferente. O que te escraviza hoje?
Para alguns são os vícios, para outros o amor, para tantos a pobreza. Mas todos, acredito eu, têm um vício em comum. Tirando a neurose, que é óbvia e sem discussões, o que mais nos escraviza, hoje, é o sistema. Estamos acorrentados em correntes invisíveis e hostis.
O sistema te obriga a rir para o chefe que você detesta, te obriga a ter dinheiro para pagar as contas nos dias certos, te obriga a consumir petróleo, te obriga a andar bem vestido, te obriga a ler o jornal de hoje, te obriga estar com a pele boa e os cabelos lisos.
O sistema não te alivia quando seus bens são roubados, quando seu filho está emaconhado e doente, na verdade ele não te alivia nem quando você está doente.
O giro da máquina capitalista te obriga a mentir. Te obriga a ser desonesto mesmo no maior desejo de honestidade. Te obriga a escrever 'atenciosamente' no final dos e-mails quando na verdade você nem deu atenção. Somos uma assinatura no final da página. Somos médicos ou secretárias. Somos engenheiros ou advogados. Somos administradores ou administrados.
Eu gostaria de assinar no final de um e-mail de trabalho que eu sou amada pelo meu pai, que meus cabelos são castanhos, que meu dia está ruim. Por que não?
Um amigo perdeu o filho de sete anos e dias depois teve que assinar: fulano de tal, gerente de marketing. Ele, naquele momento, era dor. Mas o sistema o obrigava a ser gerente de marketing.
Você não tem celular? Você é um E.T. no sistema.
Messenger você tem, não é?
O sistema nos quer perfeitos. Nossa carreira tem que deslanchar, nossos finais de semana têm que acabar recheados de novidades, nossas viagens têm que ter muito agito, nossa história tem que ser a melhor.
Ai, para rodar no sistema, perdemos o direito de não atender ao telefone, da carta não chegar, de não ter dado tempo de comprar uma roupa nova por que a loja era longe. Perdemos o direito de não querer saber, de não querer anotar, de acordar naturalmente. Perdemos o direito até de morrer naturalmente. Há máquinas que nos põem a viver.
Para se libertar dessa escravidão, sugiro que comecemos um dia de cada vez. Não precisamos fugir como Zumbi, mas podemos nos encaixar menos e aceitar isso. Um dia, sem perceber, a senzala estará com as janelas abertas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu jurei que pela primeira vez iria ler um texto que não fosse lá grande literatura, mas ao decorrer denovo fui surpreendido, mas ja nao me assusta tanta astússia com as palavrinhas minha amiga POLLY.
E para ser paradoxo rsrrs eu sou escravo do seu blog rsrs, logo ele que me acaba de pedir libertação rsrsrsrsr.
E eu como publicitário termino este texto retirando o alfinete que vc deixou no sofá para eu sentar rsrsrsrsrrsrs UUIIIIIII.......
Não pare, mesmo que o nervosismo tome conta d vc hehehehhe !!!!!


BJAOOO