Ela havia passado o dia mais animado dos últimos muitos dias
de sua vida.
ESSE OLHAR
Embora seu corpo
pulsasse e ela sentisse em cada célula o desejo quase incontrolável pelo prazer
artificial, por si mesma e quem ama, suportou, naquele dia de sol, todas as
dores, todos os vazios facilmente preenchidos com um telefonema apenas, e se
distraiu com afazeres domésticos a fim de agradar seu amor.
Já sentindo a sensação da doença, que em dias de euforia não
lhe deixa dormir, tentou afastar o
pensamento da noite que se aproximava e que, nesses dias lhe trazia desespero,
brigas, lágrimas, opressão e dor.
Aquele dia começou bem, haveria de terminar bem.
Gastou todas suas energias em compreender, ser paciente,
amiga, não julgar, companheira, mostrar-se apaixonada e determinada naquela
relação.
Como um relacionamento não é feito apenas de beijinhos,
chocolate, ciúmes e orgasmos, ela usou a razão para resolver uma questão
racional. Foi para sala ler enquanto ele descansava no quarto.
Ávida pelo sono que não chegava. Precisava de um olhar de “tá
foda, né? Eu te entendo. É só uma fase.” Mas recebeu um olhar de reprovação por
estar acordada. A contra gosto sim, sentindo dor e tristeza também.
Julgar a dor alheia através de nossas lentes é cruel.
“Mas afinal o que é rock n' roll?
Os óculos do John, ou o olhar do Paul?”
Os óculos do John, ou o olhar do Paul?”
Humberto
Gessinger
Pensemos...sintamos....