Numa dessas conversas filosóficas entre eu e minha irmã Pâmela, tomando o café das cinco (café com leite, litros, várias xícaras) aqui em casa comecei a lamuriar e falar que fulana conseguiu um ótimo emprego, iria ganhar muito bem, já estava comprando seu carro...lamuriei de uma colega que eu admirava por ser batalhadora, trabalhar e fazer faculdade (nunca consegui fazer isso), o pai morreu e ela continuou equilibrada dando força à mãe. Falei de outra colega que é super tranqüila, não fica nessa urgência de viver que eu tenho, sair, conhecer gente, dar a volta ao mundo...apesar de bonita e siliconada, não se interessava em tirar carteira de motorista mesmo tendo 33...tão tranqüila. Eu, completei 18 já fazendo aulas de legislação, a emissão do meu título de eleitor data do dia do meu aniversário de 16 anos...tão apressada.
E assim fui....lamuriando.....lamuriando....e minha irmã me olhando com aqueles olhos verdes a me escutar.
Então ela soltou uma máxima – clichê, mas uma máxima – “Polly, o Nadin (meu cunhado) sempre fala que a gente acha que a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa”. Aí dei um pause. Comecei a refletir.
Tinha uma colega, há uns três anos atrás que tinha um corpo invejável. Cinturinha de pilão, uma bunda sem educação, coxas grossas e bem torneadas. Ela não malhava, só comia besteira e muito. Certo dia, estava eu no quarto dela, ela foi trocar de roupa na minha frente. Putz! Que decepção. Aquela bunda de dar inveja na feiticeira era pura celulite, caída, murcha. Gente! Era muuuuuita celulite.....com uma bunda daquelas eu não colocava nem o maiô que minha vó crente usa quando vai à praia. A cinturinha de pilão vai lá, era verdade. Mas os seios....aqueles seios empinados...era o sutiã. O peito caído, murcho, desanimado.....
Depois lembrei de outro caso. Conheci a família perfeita (não sei se vocês sabem, mas minha família é ultramoderna, pai, mãe, madrasta, enteadas, meia-irmã (o que eu não engulo porque a filha do meu pai com minha madrasta é minha irmã total)). Cheios da nota, era (mesmo os adultos) papai pra cá, mamãe pra lá, amo minha sobrinha, meus irmãos são ultra mega inteligentes, aliás, todos da família eram. Certo dia, numa bebedeira, um dos membros me relatou que desde pequenos o pai e a mãe os obrigavam a chamá-los de papai/mamãe, se chamassem de pai/mãe, eles fingiam que não ouviam e obrigavam a chamar papai/mamãe na frente dos coleguinhas da escola, naquela adolescência bruta que a gente morre de vergonha dos pais. Um dos irmãos teve uma filha com a namorada do outro irmão. E a última confissão: minha mãe nunca me deu um abraço, mas eu tinha que chamar mamãe.
Então, eu concluí (pra não render assunto), a gente sempre acha que o outro está melhor no páreo do que nós. Olhamos sua grama, que por coincidência ou não, sempre fica no quintal do lado de fora da casa, e pensamos que ela é mais verde que a nossa. Depois disso, nunca mais achei ninguém perfeito nem melhor que eu, porque estou muito satisfeita quando entro dentro da minha casa. E minha grama?...aaaa....deixa para os vizinhos olharem...
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